“SENTINDO O CAIS...”
- por Mari Pataracchia

- 14 de out. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de nov. de 2019
(Cais do Puerto Madero – Buenos Aires – ARG) - (Narrativa Poética da minha Fotografia) Estaria eu, poetizando a fotografia ou fotografando a poesia?

''...Eis que surge em meio à névoa, um sentimento nostálgico; Passado e presente misturam-se aos mastodônticos guindastes e gruas; atracadouros e paralelepípedos exprimem lembranças... A arquitetura peculiar é o mais perfeito pano de fundo para a linda corveta “ARA Uruguay”; uma inglesa majestosa do século XIX que completa o cenário com seu charme encantador.
O vento sopra com suavidade uma brisa gelada em meu rosto, um cheiro sutil de mofo e madeira molhada, mesclado a um inexplicável e deleitante aroma frutado pairam no ar, fazendo jus ao nome desta deliciosa capital “Buenos Aires”...
Uma extraordinária sensação de estar num filme antigo... Postes coloniais e árvores despidas pelo outono, sob um dia cinza e anuviado, figurantes transitando em silêncio; quase imperceptíveis... O som da água tocando as pedras na encosta, o distante pipilar das gaivotas, e o vento enredando meus cabelos...
Entre o vai e vem dos ”Hermanos”, caminho lentamente pelo cais, e logo adiante está; de costas para o “Rio de La Plata”, sentado em um banco; trajes alinhados, olhar sereno, cabelos negros, braços parrudos, e mãos graúdas, um senhor, a segurar um saquinho com migalhas num momento singular em meio aos pombos...
O tempo parecia congelar; então, abri os olhos da alma e uma linda canção ecoava em meus pensamentos... Ao som de um acordeon, uma das mais belíssimas composições de Luis Enríquez Bacalov; arrepiava, enquanto tocava profundamente o meu coração...
Devaneio meu? Não, apenas sentindo o cais...
TEXTO & FOTOGRAFIA: Mari Pataracchia - Jan/2019 Trilha sonora p/ esta leitura (Luis Enríquez Bacalov)




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